Considerações em torno da "Escola que se Universalizou"

ESCOLA QUE SE UNIVERSALIZOU

 

             As conseqüências da Revolução Industrial e a discussão realizada por Marx em “O Capital”, ajudaram absolutamente à criação da produção da clientela escolar.

             Quando a escola pública foi inventada, no auge da Revolução Industrial, ela tinha o objetivo de dar resposta as necessidades relacionadas com grandes mudanças nas relações de produção emergentes nesse tempo.

             Karl Marx expôs as conseqüências sociais referente a maquinaria moderna, enxergou a quebra do trabalhador masculino em frente ao trabalho, porque o processo de divisão do trabalho imposto pela maquinaria, surgiu um conjunto de tendências de objetivação e simplificação do trabalho.

             A objetivação foi à concentração de grandes massas de proletários em condições miseráveis, baixos salários, que obrigavam que as famílias inteiras se empregassem nas fábricas a troco de salários de fome, juntavam-se a itmos de trabalho desumanos, o número de horas de jornadas, a insalubridade e os acidentes no trabalho, uma ameaça permanente de dispensa com base na existência de grande massa de desempregados à espera da graça de um posto de trabalho.

             A simplificação do trabalho fez com que grande massa de mulheres e crianças entrem no processo de produção. Com isso surgiu a depauperação dos salários, onde o número de oferta de força de trabalho se multiplicava cada vez mais e fez o número de trabalhador masculino diminuir e um crítico quadro de miséria moral e material dos trabalhadores.

             As relações dos trabalhadores, luta dos trabalhadores e dos combates da burguesia deu origem Legislação Social do séc. XIX.

             Quem recebeu mais benefícios dessa Legislação foi à criança com denúncias e as pregações de ordem moral. A indústria por sua vez “ colaborou num conjunto de normas que reduzia a jornada de trabalho infantil e que cumpriam com as despesas dos estudos das crianças.’( Na verdade tentou burlar essas leis)

             Mas como o trabalho da criança estava ficando mais caro, começou a crescente demanda de desemprego infantil. E continuou o processo de depauperação sobre os adultos e mulheres.

             A escola se refuncionalizou visando colocar-se como alternativa para preencher o tempo disponível do jovem trabalhador, então desempregado por quê. A escola se transformou ao constituir-se numa instituição social que prometia atender, além dos filhos dos capitalistas, também aos filhos dos recém desempregados dos trabalhadores.

             A partir de 1870, todos os países mais avançados visaram à constituição dos sistemas nacionais de educação e universalização dos serviços escolares. Foi nesse instante que ganhou um rígido vigor a proposta de escola pública, universal, laica, obrigatória e gratuita.

             Como o subproduto do sistema emergente de uma consciência de classe capaz de comparar a riqueza e o poder ostensivos com condição dos que, vendendo uma única “mercadoria” que tinham a sua força de trabalho, apenas retirava dessa venda o estritamente necessário para não morrerem de fome. Semelhante tomada de consciência, muito estimulava pelos ideários que estiveram na base da Revolução Francesa e conduziram ao ambiente social que desembocou, em 1871, na Comuna de Paris, e as proliferações de uma atividade sindical febril, levaram com que a classe dirigente na época tomasse consciência, não apenas do perigo latente, mas da necessidade, da vantagem, da adoção de medidas tendentes a arrefecer o verdadeiro barril de pólvora em que estava a se transformar o ambiente social. Uma vez vencidas as vozes dos que desconfiavam que a educação das classes inferiores era um fato perturbador da ordem social estabelecida, capaz de fomentar a subversão, a instituição da escolaridade primária para todos, a abertura da possibilidade dos adultos poderem vir a frequentar a escola, foi -se generalizando à medida em que se ia tornando evidente que os custos financeiros da medida tinham um retorno imediato em produtividade e em pacificação social, e que se constava que a “subversão” não mergulhava as suas raízes na instrução, mas, pura e simplesmente, na reação contra um sistema produtivo fundado sobre a explosão feroz do trabalho assalariado.

             Por outro lado, a generalização da escolaridade apresentava vantagens muito além das já consideradas. A nova ordem industrial precisava de um novo tipo de homem, equipado com aptidões que nem a família e nem a Igreja eram capazes, só por si, facultar. Precisava-se de crianças pré-adaptadas a um “trabalho repetitivo, portas adentro, a um mundo de fumo, barulho, máquinas, vida em ambientes superpovoados e disciplina coletiva, a um mundo em que o tempo, em vez de regulado pelo ciclo sol-lua, seria regido pelo apito da fábrica e pelo relógio”(Toffler).

             A sociedade industrial precisava de indivíduos que pouco tinham que ver com um passado rural e bucólico, em que os ritmos naturais prevaleciam. Convém recordar que, na segunda década do séc. XIX, se excetuarmos a Inglaterra, três quartos da população européia vivia nas zonas rurais e mais da metade dos ativos trabalhavam na agricultura (Mialarety e Vial, 1981).

             A única resposta que faltava responder era a que se relacionava com o tipo de escola capaz de dar resposta às necessidades do modelo industrial, da pacificação social e de formação de um novo tipo de homem adaptado as exigências do novo modelo de produção, e que fosse simultaneamente tão barato que demarcasse os argumentos dos que se opunham à simples idéia de educação para todos. Para Toffler o ensino em massa foi a maquinal genial criada pela civilização industrial para conseguir o tipo de adultos que precisava. “A solução só podia ser um sistema educacional que, na sua própria estrutura, simulasse esse mundo novo. Tal sistema não surgiu logo; ainda hoje conserva elementos retrógrados da sociedade pré-industrial. No entanto, a idéia geral de reunir multidões de estudantes (matéria-prima) destinados a ser processados por professores (operários) numa escola (fábrica), foi uma demonstração de gênio industrial”. Assim o desenvolvimento da hierarquia administrativa da educação decalcou o modelo da burocracia industrial, e são precisamente os elementos mais criticados nesse sistema, como a arregimentação, a falta de individualismo, as normas rígidas de classes e de lugares e o papel autoritário do professor, os que se revelaram mais eficazes tendo em vista os objetivos que presidiram o lançamento de ensino em massa.

             A escola foi se universalizando, todos os países da época adotaram esse meio pré-trabalho destinado à educação, visando deixar o aluno apto ao mercado de trabalho. A medida em que as Indústrias vão se ramificando, as matérias da escola também se ramificam, ou seja, a medida em que vão surgindo novos meios de produção a educação vai adquirindo novos meios de matérias para o aluno ser apto a nesse novo tipo de produção. Resumindo a escola evolui parelelamente a evolução de Indústrias.

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